Zambézia colmata défice de insumos da aquacultura


Data: 23/05/2022

Uma unidade de produção de alevinos e ração foi inaugurada no dia 19 de Maio no distrito de Lugela, na Zambézia, numa cerimónia dirigida pela Ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas, Lídia Cardoso. Com esta infra-estrutura, cujo custo de construção e apetrechamento foi de aproximadamente seis milhões de meticais, esta província do Banco de Sofala vê colmatando o défice de insumos da aquacultura, podendo, deste modo, capitalizar melhor o seu potencial.

Na sua composição, esta unidade de produção compreende um laboratório, sala de máquinas para incubação artificial e produção de ração, escritório e armazéns de hormónios e matéria-prima, estando neste momento em curso o processo de produção de alevinos da espécie nilótica, a título piloto.

De acordo com a sua capacidade instalada, serão produzidos, em média, 500.000 alevinos revertidos por ano, num sistema misto, e 10 toneladas de ração por mês, daí a expectativa de um grande impacto no desenvolvimento da aquacultura na Zambézia, e não só, tendo em conta que estarão supridas as necessidades em relação a estes insumos.

Contextualizando o surgimento desta fábrica, a Ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas disse que, mau grado o potencial de que o nosso país dispõe, a aquacultura é ainda uma actividade principiante, e praticada na sua maioria por produtores do sector familiar e de pequena escala, aglutinados em associações, e orientada para a subsistência.

Segundo ela, mesmo com o surgimento, nos últimos anos, de produtores privados industriais, visando alimentar o mercado nacional e a exportação, Moçambique continua muito distante da exploração plena da sua realidade aquícola.
Assim, com o propósito de impulsionar a aquacultura e fazer com que o país, em face do seu potencial aquícola, seja uma referência no continente e no mundo, o Governo, com o apoio dos seus parceiros, tem em curso iniciativas estruturantes como o Projecto de Desenvolvimento da Aquacultura de Pequena Escala (ProDAPE) e o Programa “Mais Peixe Sustentável”, abrangendo, ambos, as províncias do centro e norte do país.

UM GRANDE GANHO

Para uma província como Zambézia, que possui 88.000 hectares, entre terra, mar e águas interiores, para produzir um total de 400.000 toneladas/ano, a unidade de produção de Lugela é, indubitavelmente, vista como um grande ganho, uma vez que a aquacultura, tal como acontece em todas as outras províncias do país, depara-se com problemas relacionados com o deficiente acesso aos insumos de produção (ração e alevinos), às tecnologias melhoradas de produção, aos serviços de extensão e à falta de financiamento para o investimento.

“Sendo Zambézia uma das províncias com maior investimento privado em aquacultura, impõe-se-nos que saibamos tirar melhor proveito das iniciativas de operadores interessados em investir na província, porque ela oferece óptimas condições para o desenvolvimento desta actividade”, referiu a ministra.

Para Lídia Cardoso, é expectativa do Governo ver a fábrica a contribuir, também, para o desenvolvimento da cadeia de valor da aquacultura, promoção da aquacultura sustentável e economicamente viável e redução de esforço na pesca extractiva.

Incentivando as Parcerias Público-Privadas, como a unidade de produção de Lugela, porque, na sua óptica, têm sido exemplares nos propósitos de desenvolver ainda mais a pesca e aquacultura em Moçambique, a ministra enalteceu, igualmente, a iniciativa da Universidade Licungo de se ter candidatado e ganho o concurso público para a gestão daquela infra-estrutura.

“Este facto demonstra a colaboração entre a ciência e tecnologia na melhoria dos processos de produção aquícola, uma vez que tratando-se, a UniLicungo, de uma instituição de ensino superior, julgamos que estão criadas as condições para que esta unidade se transforme, também, num centro de análise, pesquisa e inovação da ração e de alevinos”, concluiu Lídia Cardoso.