O que seria de nós sem bibliotecas


Data: 30/05/2022

Com este lema didáctico e sugestivo, o Sector do Mar, Águas Interiores e Pescas assinalou, no dia 27 de Maio, a II Edição da Iniciativa “Bibliotecas do Mar”, uma plataforma de diálogo intergeracional, cuja finalidade é a valorização de legados, tendo em vista o desenvolvimento do capital humano e social e a salvaguarda da memória institucional e a construção da cidadania.

Numa cerimónia bastante concorrida e dirigida pela ministra Lídia Cardoso, o mote foi a celebração da generosidade de quatro colegas “Bibliotecas do Mar”, cujos depoimentos, traduzidos num documentário exibido na ocasião, ganharam conteúdo devido à nobreza, profissionalismo, abnegação, devoção, proficiência e sentido de pertença ao sector a quem emprestaram toda a sua juventude, o seu saber e inteligência durante décadas a fio.

Trata-se dos colegas Ludgero Fernandes Nibau, pescador reformado, após 44 anos de serviço, em que se destacou no aprovisionamento aos Combinados Pesqueiros de todo o país; Mário António Machaúle, desenhador naval reformado da Navipesca, depois de 37 anos de trabalho; Maria Lizette Palha de Sousa, investigadora reformada, depois de 41 anos ao serviço do Instituto Nacional de Investigação Pesqueira (IIP); e Maria Isabel Virgílio Omar, primeira directora do Instituto Nacional da Aquacultura (INAQUA), 36 anos de trabalho e ainda no activo.

Igualmente enquadrada nas celebrações do Dia 18 de Maio, Dia Internacional dos Museus, a festa ganhou mais cor, alegria e vivacidade com o enquadramento, muitíssimo bem elaborado, efectuado pela Companhia Nacional de Canto e Dança, através do Bailado “O que seria de nós sem bibliotecas!”, uma co-produção do Museus do Mar, CNCD e Chitará Sound, Lda.

Com uma plateia constituída, entre outros, por antigos dirigentes, directores e outros quadros que, ao longo de muitos anos, construíram e ajudaram a construir o castelo das pescas, em Moçambique, a Ministra do Mar, Águas Interiores e Pescas, discursando na ocasião, disse que a história e o percurso do sector, vividos e passados de geração para geração, só têm a sua verdadeira expressão e amplitude quando estas mesmas gerações são capazes de deixar legados transformacionais, exemplares e inspiradores para os que, tal como numa prova de estafeta, pegarem no testemunho e prosseguirem a corrida com a mesma determinação, empenho e devoção.

“Olhando para o percurso reconhecidamente valoroso e prestigiante do nosso sector, nesta sua longa estrada, queremos que o presente e o futuro também reflictam esse legado, daí a necessidade de trazermos figuras que se tenham notabilizado ao serviço da instituição para inspirar o público, em geral, e os funcionários do sector, em particular, para um desempenho exemplar na construção do nosso Moçambique e do bem-estar ambiental, económico e social dos moçambicanos”, destacou Lídia Cardoso.

VALORIZAR O CONHECIMENTO

Segundo a ministra, assinalar a incorporação no acervo e a disponibilização ao público de documentação captada de fontes primárias sobre a evolução histórica do sector, exaltar os feitos de funcionários que se tenham destacado, expondo aspectos ou episódios relevantes da sua trajectória como profissionais e agradecer-lhes, publicamente, pela contribuição para a constituição do tal acervo, não é um favor que fazemos a esses funcionários. É, para a ministra, “uma maneira de vincarmos e alicerçarmos a imperiosa necessidade de, como sector, valorizarmos o conhecimento de que cada um de nós é portador, como parte importante de um todo”.

Aliás, depois de, na primeira edição, em 2021, “Bibliotecas do Mar” ter iniciado com a frente do desenvolvimento institucional, incorporando no acervo e disponibilizando ao público depoimentos de Manuel Luís Gonçalves, funcionário já falecido e a quem se outorgou o título honorífico de “Biblioteca-Mor”, na presente edição foram activadas mais quatro frentes, designadamente aquacultura, pesca, investigação pesqueira e construção naval, sendo que, gradualmente, serão contempladas outras e trazidos outros actores.

“Porque no Sector do Mar, Águas Interiores e Pescas temos grandes bibliotecas, e queremos perpetuar essas bibliotecas, continuaremos a trilhar por este caminho.

Um caminho que nos desafia a ser mais investigativos, de forma a trazermos mais “Bibliotecas do Mar” espalhadas por este país, sempre pautando pelo equilíbrio, rigor e deferência”, finalizou Lídia Cardoso.
O evento foi honrado com a presença, também, do Ministro da Indústria e Comércio, Silvino Moreno, dos Vice-Ministros do Mar, Águas Interiores e Pescas, Henriques Bongece, e da Terra e Ambiente, Fernando Bemane de Sousa. Igualmente, estiveram dois antigos ministros do sector, Agostinho Mondlane e Augusta Maíta; os ex-Secretários Permanentes Rodrigues Bila, Hermínio Tembe e Nacir de Premegi, para além do actual, Xavier Munjovo.